Pesquisar
Close this search box.

O poder de aglutinação do fenômeno chamado Jair Bolsonaro

(Foto: Reprodução)

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, demonstrou mais uma vez sua capacidade de mobilizar amplos setores da sociedade brasileira em um ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 6 de abril de 2025. A manifestação, que reuniu uma coalizão impressionante de líderes políticos, religiosos e cidadãos, reafirmou o peso de Bolsonaro como uma figura central no cenário político nacional, mesmo diante de desafios judiciais e da inelegibilidade até 2030. O evento, que tinha como bandeira principal a defesa da anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, foi um grito de união e resistência contra o que seus apoiadores classificam como perseguição política.

A presença de oito governadores, mais de trinta senadores e dezenas de deputados federais ilustra o alcance da influência de Bolsonaro entre as elites políticas. Além disso, inúmeros vereadores e prefeitos, incluindo Ricardo Nunes, chefe do executivo da maior cidade da América Latina, São Paulo, engrossaram as fileiras do movimento. Representantes de pelo menos oito partidos políticos distintos também marcaram presença, evidenciando uma frente ampla que transcende divisões ideológicas tradicionais. A participação de líderes religiosos, como padres, pastores e representantes de diversas crenças, reforçou a narrativa de um chamado que ressoa tanto na esfera política quanto na moral e espiritual, conectando-se diretamente com a base conservadora que Bolsonaro cultiva há anos.

Os números impressionam ainda mais quando se considera a adesão popular: mais de um milhão de brasileiros, segundo estimativas de organizadores, lotaram a Avenida Paulista, transformando o ato em um dos maiores já registrados no local. Homens e mulheres, identificados como “cidadãos de bem” pelos apoiadores, vestiram as cores da bandeira nacional e empunharam faixas pedindo “Anistia Já”. A contagem oficial da Universidade de São Paulo (USP), no entanto, aponta para cerca de 44,9 mil manifestantes, uma discrepância que reflete o embate de narrativas entre apoiadores e críticos. Ainda assim, mesmo o número mais conservador demonstra uma mobilização significativa, superando atos recentes de outras correntes políticas, como o protesto da esquerda em 30 de março, que reuniu 6,6 mil pessoas no mesmo local.

O recado enviado ao Congresso Nacional e ao mundo foi claro: para os bolsonaristas, a luta contra o que chamam de “perseguição” e “abuso de poder” está longe de acabar. A manifestação de 6 de abril não foi apenas uma demonstração de força política, mas também uma tentativa de pressionar por mudanças legislativas e judiciais, com a anistia como pauta central. Enquanto Bolsonaro enfrenta um julgamento no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022, seus apoiadores veem no apoio maciço das ruas um trunfo para mantê-lo relevante. Independentemente do desfecho jurídico, a capacidade de aglutinação de Bolsonaro segue como um fenômeno que desafia adversários e redefine os rumos da política brasileira.

Postagens Relacionadas