Brasileiro trabalhará até esta quinta (29) somente para pagar tributos

O brasileiro terá que trabalhar até esta quinta-feira (29) apenas para quitar impostos, taxas e contribuições aos governos federal, estadual e municipal, o que corresponde a 149 dias neste ano, equivalente a quatro meses e 29 dias. Em 2024, foram quatro meses e 28 dias, um dia a menos. Os dados são de estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). O valor desembolsado representa 40,82% da renda média do brasileiro.

De acordo com dados do Impostômetro, painel mantido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), até esta quarta-feira (28), o brasileiro já tinha pago mais de R$ 1,628 trilhão em tributos.

Conforme o Instituto, o aumento no número de dias trabalhados para pagar tributos entre 2024 e 2025 reflete o impacto da reoneração da folha, da tributação de importações e do aumento do ICMS para 20% em dez estados, incluindo o Ceará. Na avaliação de economistas, o cenário é reflexo de uma estrutura tributária mal desenhada e falta de controle na oferta de subsídios.

O economista Thales Penha observa que a metodologia ideal para analisar a carga tributária de um país, em comparação a outros, é verificar o percentual que é arrecadado do Produto Interno Bruto (PIB) em tributos. No Brasil, por exemplo, em média cerca de 32% a 33% do PIB são arrecadados em tributos. O dado varia ao longo do tempo, sendo influenciado pela variação do próprio indicador. “Então a partir dessa metodologia que é utilizada na economia, na OCDE, o Brasil tem uma carga tributária na média dos países desenvolvidos”, aponta.

Thales Penha observa, contudo, que no Brasil o problema não está na carga tributária, mas sim na estrutura tributária. Isso porque enquanto países desenvolvidos apresentam mais tributos diretos, ou seja, que são correspondentes às capacidades de tributação de cada público, a realidade local opera no sistema inverso. “A nossa arrecadação é basicamente baseada em tributos indiretos [que incidem sobre bens e serviços e apresentam alíquota única para a população]. Cerca de 60% da nossa arrecadação é tributo indireto. Então a gente tem uma sensação de que é mais tributado, principalmente a parcela mais pobre, que é a grande maioria da população”

A consequência desse cenário, segundo Thales Penha, é que enquanto alguns setores são privilegiados, a perda arrecadatória passa a ser compensada com o aumento da alíquota do imposto. Então algumas empresas podem pagar percentuais mínimos do imposto, mas outras precisam arcar com o percentual total, o que também é recorrente entre empresas de um mesmo setor. O economista observa que o problema não está necessariamente na oferta do subsídio, mas na falta de clareza sobre os benefícios à economia.

Postagens Relacionadas