Um conflito territorial protagonizado por facções criminosas teria resultado em mais uma expulsão de moradores em Fortaleza. Dezenas de recém-chegados em um residencial localizado no bairro Vicente Pinzón foram ameaçados de morte e tiveram as chaves das unidades tomadas.
A denúncia foi formalizada por uma entidade de Direitos Humanos, que terá seu nome preservado, e reportada ao Ministério Público do Ceará (MPCE) por meio da 9ª Promotoria de Justiça do Núcleo de Conflitos Fundiários e Defesa da Habitação. A reportagem teve acesso ao documento.
“Os relatos indicam que muitos moradores recém chegados nas unidades foram recebidos por membros de Organização Criminosa que proferiram ameaças e tomaram as chaves das unidades, expulsando-os e afirmando que pessoas advindas de determinados bairros atingidos pelo VLT não poderiam morar no Alto da Paz, sob risco de vida”, diz trecho do documento.
Os relatos indicam que após as vistorias, os apartamentos entregues pelo Governo foram deixados abertos, sem reforço de segurança e monitoramento, “o que indica total omissão por parte do Poder Público em garantir o recebimento das unidades habitacionais para os novos moradores”.
O caso teria acontecido no último mês de novembro e, até o momento, tem um suspeito identificado. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o Comando para Prevenção e Apoio às Comunidades (Copac) da Polícia Militar do Ceará (PMCE) conduziu à delegacia, no dia 14 de novembro de 2022, um homem de 37 anos, suspeito por morar de forma indevida em um residencial alugado no bairro Vicente Pinzón. Após o registro do procedimento, ele foi liberado.
A SSPDS afirma que até o momento não recebeu registros formais por parte dos moradores que se dizem vítimas destas expulsões e diz que: “Ainda assim, a PC-CE acompanha e apura todas as informações sobre possíveis ameaças a moradores. A denúncia é fundamental para identificar e punir os responsáveis pelos crimes”.
“Desse modo, muitos moradores já saíram dos apartamentos e voltaram ao aluguel, em situação de vulnerabilidade social e desamparo frente à atuação criminosa e omissão do Poder Público que, ainda que alertados, não tomaram as devidas providências para que tal situação não ocorresse”
*DN/Foto – Thiago Gadelha.